Por: Juliano Pupo
Você já deve estar acompanhando as Olimpíadas de Tóquio, nem que seja pelas redes sociais no dia seguinte às disputas, uma vez que o fuso-horário não colabora muito. Provavelmente já se emocionou com nossa fadinha Rayssa Leal, de 13 anos, ganhando a prata no skate, com Ítalo Ferreira conseguindo nosso primeiro ouro na estreia do surf nos jogos olímpicos, ou com a medalha inédita na ginástica feminina depois da performance incrível da Rebeca Andrade. Porém, apesar de históricas, não foram essas participações que me levaram a escrever este texto, mas sim a do futebol brasileiro, que estreou antes da abertura oficial dos jogos, com vitórias das equipes feminina e masculina sobre a China (5×0) e a Alemanha (4×2), respectivamente.
Mas calma, este não é um artigo sobre esporte, mas sobre Data Storytelling.
Isso porque uma fala específica do nosso querido Galvão Bueno me chamou atenção durante a vitória do time masculino sobre os germânicos: no momento, ganhávamos de 3×1, e Galvão, empolgado como sempre ao narrar os jogos da canarinha, cravou: “3×1 aqui, 5×0 contra a China, a seleção brasileira já começa somando 8×1 nessa primeira rodada!”
É claro que Galvão estava envolvido pelo momento, e a audiência inclusive espera comentários apaixonados assim vindos do narrador oficial da seleção brasileira, mas não pude segurar o riso pela forma como ele manipulou os números em favor de seu objetivo de exaltar o futebol nacional – inclusive superando quantitativamente o fatídico 7×1. E isso me fez pensar na importância dos dados na hora de contar uma história, e como eles podem ser bons aliados para engajar a audiência, caso saibamos como trabalhá-los. (Não à toa também são um elemento-chave para a manipulação política e midiática; mas isso é assunto para outro momento.)
Quer saber mais sobre Data Storytelling? Então aqui vão algumas dicas básicas para orientar sua próxima entrega!
É claro que o uso de números e gráficos para orientar a mensagem não é algo novo. Mas a verdade é que nunca tivemos tantos dados à disposição, e num cenário como esse pode ser sedutor pesar a mão na quantidade de informação e acabar confundindo a audiência, principalmente se se tratar de uma audiência humana, como provavelmente será o seu caso. Isso porque nós, humanos, somos seres sociáveis, e a narrativa, o contar histórias, é parte constituinte da nossa própria história.
Foram as histórias, passadas de geração em geração primeiro verbalmente, depois registradas pela escrita, que possibilitaram o acúmulo de conhecimento para que chegássemos onde estamos hoje. Portanto, se você quer que sua mensagem seja passada com assertividade, o melhor a fazer é apresentá-la com uma estrutura narrativa clara e envolvente. E os dados podem ser um adversário, ou um grande aliado, depende da forma como os apresentamos. Portanto, considere 4 pontos fundamentais na hora de estruturar sua apresentação, palestra ou aula fazendo uso de dados:
1 – Relevância
Os dados precisam ser relevantes. Os melhores números são aqueles que fazem sentido e são reconhecidos pela audiência, e isso pode significar remover números impressionantes, mas que não contribuem para a narrativa que você está construindo. Cortar aquele gráfico incrível ou aquela cifra de brilhar os olhos pode doer, mas às vezes é preciso. E essa etapa não é importante apenas para Data Storytelling, mas para a construção de qualquer narrativa: mapear o que o público já sabe não vai apenas te guiar na construção de argumentos mais eficientes, mas também vai te prevenir de resgatar questões já conhecidas e, portanto, redundantes e evitáveis.
2 – Qualidade e confiabilidade
Use sempre dados de qualidade e fontes confiáveis, e diga sempre a verdade. E isso vai em sintonia com uma máxima que todo apresentador deve ter em mente: respeite sua audiência. Subestime-a e corra o risco de perdê-la para sempre, portanto é importante ser transparente e trazer fontes confiáveis. Institutos de pesquisa e órgãos públicos costumam ser boas fontes.
3 – Clareza
O nome já diz: Data…Storytelling. Portanto, é importante se ater aos princípios básicos da narrativa, como estruturar um arco com começo, meio e fim que deixe claro as relações de causa e efeito que originam e desencadeiam os fatos conseguintes, em direção ao clímax da nossa história. Algumas vezes, também pode ser preciso um breve cabeçalho contextualizando a informação e colocando a audiência toda na mesma página.
4 – Visual
Não subestime aquele que pode ser seu maior aliado na narrativa de dados. A mesma informação pode ser passada de inúmeras maneiras diferentes, um bom design facilita a compreensão do público, entregando a informação de forma lúdica e interativa. Uma ótima referência é o trabalho realizado pelo Nexo Jornal, que tem um espaço 100% dedicado ao jornalismo de dados. Vale conferir!
Com esses pontos em mente, fica mais fácil construir um roteiro claro, didático e lúdico para sua apresentação, aula ou palestra usando os dados como um grande aliado, sem correr o risco de forçar a barra, como fez nosso querido Galvão Bueno – mas no caso dele a gente releva, porque acompanhar uma vitória sobre a Alemanha nas Olimpíadas é de fato um teste para cardíaco.
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